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homem segurando bicicleta

United Forces can't be stopped

por Luiz Cesar Pimentel

@luizcesar



Vamos falar português claro. Os profissionais que mais se ferrarão com a pandemia são os responsáveis por você estar lendo ESTE texto NESTA revista: os artistas.

Não é exagero.

Pois desde o mais recente corte de receitas deles, que atende pelo pomposo nome de plataformas de streaming, artistas passaram a depender de aglomerar pessoas em shows.

Não sou nem pretendo ser futurólogo, mas penso que quando retornarmos a uma certa normalidade, os mega-eventos e festivais que juntam dezenas de milhares de pessoas serão os primeiros a se reestruturar, pois atraem público pelo efeito boiada. Na matemática projetada (mais uma vez sem qualquer rigor científico, pois é totalmente da minha cabeça) diria que contemplam 1% ou menos dos artistas. E os 99% que dependem de empreitadas quase diárias para se manterem?

São os que vivem de apresentações de pequeno e médio portes.

Nesse universo de lives gratuitas, o que pode estar sendo plantado na cabeça do público em potencial? Uma mosca pessimista me diz que muito provavelmente a noção de valor para se assistir a um show tangencia ou equivale à quase gratuidade.

É importante colocarmos em contexto todas as intempéries por que passou o mundo artístico nos últimos anos.

No final dos 90, a música digital pôde ser distribuída entre computadores. Só que ao virar digital igualmente pôde ser replicada sem perda de qualidade e distribuída com facilidade sem qualquer controle. É o famoso tá bom mas tá ruim.

Na jogada, o arquivo físico que tanto nos fascina, seja em CD, DVD, Bluray ou vinil, perdeu completamente o valor de mercado e deixou de contribuir para formar uma renda para o artista.

Aí passamos para um modelo híbrido de rendimento via shows + direitos autorais.

Por direitos autorais entenda a execução pública da música em rádios, TV, shows, comerciais etc.

Mas aí veio a explosão do streaming calçada em regras (e valores) próprios.

O montante que os músicos faturam com a música consumida do Spotify ao YouTube é pífio, mesmo para índices altíssimos de requisição. Outro dia o Peter Frampton postou algo como: “Show me the Way foi ouvida 60 milhões de vezes e recebi 1500 dólares por isso”. (Não foram exatamente esses números; estou apenas dando noção de grandeza.)

Noves fora, restou o quê?

Sim, os próprios: shows. Daí voltamos ao início deste texto.

A conta não fecha. O que faremos a respeito?

Eu tenho uma ideia. Quem topa participar propositivamente de um movimento para ajudarmos a produção da mais fascinante das artes?

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