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homem segurando bicicleta

Tamo junto. Só que não. (Uma carta à classe artística)

por Luiz Cesar Pimentel

@luizcesar



Uma foto cinquentenária estimulou esta coluna.

Ao falecimento da atriz Eva Wilma, seguiu-se o retrospecto de sua carreira.

Entre as fotos que marcaram sua trajetória, uma em que, acompanhada pelas também atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Leila Diniz, Odete Lara, Cacilda Becker e Norma Bengell, me chamou a atenção. Elas protestavam publicamente de mãos unidas contra a censura no auge da ditadura militar, em 1968.

Não irei cá enaltecer apenas a coragem da atitude em época de igual machismo estrutural gigantesco. E pretendo fugir o quanto for possível de discurso político, pois o objetivo não é polarizar ou atacar governo ou viés, por mais que mereça. Quero falar do que nos une nesta revista, que é Cultura e Educação. Portanto, não citarei gestão mas atitudes, combinado?

Meu argumento: O que os artistas estão fazendo para combater as atitudes nocivas à Educação e Cultura, principalmente durante esta pandemia?

Não se trata de uma pergunta retórica.

Lembre que me referi à citada foto para elogiar o uso de capital social das atrizes ao se posicionarem contra a mordaça.

Desde janeiro de 2019 o Ministério da Cultura foi extinto no País. Junto aos ministérios do Esporte e Desenvolvimento Social, foram escanteados para baixo do Turismo, viraram secretarias e emprestados até a um confesso nazista, que imitou discurso do chefe de propaganda alemã na época da Segunda Guerra.

Posso estar sendo injusto, mas não lembro de manifestação incisiva da classe em relação a todos esses absurdos.

Hoje foi entregue a um ator secundário que disse estar vetando projetos da Lei Rouanet porque não é função do Estado “bancar (artista) marmanjo”.

Cadê a classe artística de mãos unidas como manifesto contrário a atitudes do tipo?

Cultura e Educação não são supérfluos; são primeira necessidade, vitais para a formação de um povo com altos índices de desenvolvimento humano. Não sou eu, apreciador, entusiasta, admirador (adjetive como quiser), que digo isso. É fato.

Mas quando R$ 4,2 Bilhões (caixa alta proposital) são tirados para este 2021 do orçamento do País para Educação em mesma planilha que aumenta a participação das forças armadas para 22% do bolo todo, não dá para ficar quieto ou omisso.

Os artistas parecem andar esquecidos de que sua importância não está na execução de uma obra, na pintura de uma tela, composição de uma música, dança, mas em representar e defender a beleza da vida como influenciadores sociais.

Se você é artista, conto contigo.

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