por Luiz Cesar Pimentel
@luizcesar

A Biblioteca Pública de Nova York está com uma exposição sobre um dos mais notáveis celebradores da cidade ao lado do cineasta Woody Allen, Lou Reed. A mostra chama “Caught between the twisted stars”, que é o primeiro verso de seu disco em homenagem à cidade e que leva o nome dela, New York. Ou seja, poderia ser um agradecimento pela obra do artista local não fosse a característica principal da biblioteca o que todos espaços culturais deveriam ter - a preservação e fomento da cultura. Tanto que a casa data de 1895.
Existem alguns ramais da biblioteca pela cidade, e a exposição do Lou Reed está no prédio “for the performing arts”.
Para um admirador, é incrível ver tal memorabilia.
Lou Reed era, além de músico, escritor, poeta e praticante dedicado de tai chi chuan.
Há guitarras (seu instrumento) em exposição, letras de música à mão, fitas-cassete com demos e registros primeiros de clássicos que podem ser ouvidos, cartas, utensílios de artes marciais, até o capacete que figura na capa de Legendary Hearts está por lá.
Depois de ver trocas de cartas com Paul McCartney, Jimmy Page, entre outros, você vai para uma sala de audição onde acontecem sessões para o público.
Claro que fiquei elucubrando mentalmente se e quando teremos o mesmo apuro com nossos heróis musicais.
Minha conclusão de que dificilmente isso acontecerá se depender do envolvimento de recursos públicos só se reforçou quando tive a maior surpresa da visita.
Como se trata de um local primeiramente de literatura, dedicado às tais “performing arts”, e como eu tenho alguns livros publicados sobre música, fiz uma busca por curiosidade.
Não é que possuem três livros meus no acervo?
Sabe Deus como foram parar ali, pois só saíram em português.
Fiz uma bela carteirinha da biblioteca (linda, que homenageia no momento o próprio Lou Reed) e pedi para ver em capa e páginas os livros.
Um arquivista recebe a solicitação e em uns cinco minutos eu estava com eles às mãos continuando a tentar entender a viagem continental ocorrida para tanto.
Para não ser totalmente injusto, depois fiz uma pesquisa no acervo da biblioteca pública da minha cidade, São Paulo. Eles possuem um livro meu. O que de certo modo foi uma grata revelação, já que nem mais Ministério da Cultura temos no país.
Só que junte tudo isso e chego ao ponto desta coluna. Sou jornalista, escritor no máximo. Se você é artista, sua obra é única e tem que ser preservada - tanto para ser celebrada quanto para servir a futuras gerações.
Por favor, tenha consciência e faça isso por sua conta. Até que, quem sabe, a esfera pública cumpra seu dever.