por Luiz Cesar Pimentel
@luizcesar

Tem um documentário novo sobre a vida do Elvis na Netflix. Chama “The Searcher”. Quando acontece essa disponibilidade à minha frente, duas coisas são inevitáveis:
Não consigo não assistir. Mesmo que já tenha visto filmes, séries, desenhos, lido livros, ouvido podcasts, tudo sobre o artista que gosto e saiba mais da vida dele muito provavelmente do que o próprio sabia em vida.
Eu fico torcendo, como neste caso, por um final diferente.
O primeiro ponto até consigo entender racionalmente. Por mais que tenha fuçado a vida do cara de cabo a rabo, sempre tem alguma peça nova no quebra-cabeças. Neste, por exemplo, há muitas imagens que nunca tinha visto.
Já sobre o segundo ponto, por mais idiota que soe (e é), eu simplesmente fico torcendo para que o Elvis não caia de cara no banheiro de Graceland aos 42 anos e nunca mais se levante.
Decidi me analisar a partir desse filme, pois é uma atitude recorrente sempre que assisto a algo dos Beatles, ou da morte precoce da geração dos 27 anos, ou do Bon Scott, Jeff Hanneman etc.
Cheguei a algumas conclusões, e as compartilho aqui porque considero que têm mais a ver com a sociologia da música, comportamento das pessoas, produção contemporânea, do que com alguma psicopatia negacionista minha.
Siga-me no raciocínio, mas já adianto que estou escrevendo enquanto o componho, totalmente de improviso.
O primeiro e mais claro ponto é de que essas pessoas tiveram as vidas interrompidas quando tinham muito a oferecer para nós em forma de arte. Será que minha torcida é egoísta? Com certeza. Mas ouça o que o Elvis produziu em duas décadas de carreira. Ou John Lennon no mesmo período.
E chego à segunda suposição para traçar um paralelo com o cenário atual.
O documentário do Elvis deixa claro a aflição dele quando estava prestes a retornar à música, após uns bons anos consumido exclusivamente pelo cinema. Ele quase, mas quase, refugou para fazer o Especial de 68, que tenho como uma das maiores apresentações de todos os artistas em todos os tempos.
E o cara era o Elvis Presley. Repito e coloco em letras maiúsculas para enfatizar: o ELVIS.
Isso me mostra como um cara que era tão gigante quanto precursor em uma cena tinha consciência (ou ao menos ideia) de que o que ele fazia não era música, mas história.
Era assim que ele encarava a arte.
O que me deixa triste é olhar para os lados, para o palco, para as novidades nas plataformas de streaming e não encontrar quase ninguém a fazer história.
É por isso que torço pelo final mítico e que me permita afirmar sem atrair risadinhas: Elvis não morreu.