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homem segurando bicicleta

Discos bons über alles

por Luiz Cesar Pimentel

@luizcesar



Vou misturar quatro vieses jornalísticos dentro deste espaço: crônica, resenha, jornalismo literário e artigo. Não sei que bicho dará. Portanto, conto com sua compreensão.

Tudo partiu do 15º álbum de estúdio do Kreator, Hate Über Alles, e a possibilidade de entrevistar o guitarrista Sami Yli-Sirniö e o baixista Frédéric Leclerq em entrevista coletiva.

Topei participar e comecei a matutar sobre como poderia apresentar o processo todo a quem se interessa pela banda. Aí decidi por tudo ao mesmo tempo até para que você que me lê saque como funciona o bastidor.

Ao aceitar, recebi um link para escutar o disco.

Tarefa que executei com muito do gosto, já que o Kreator sempre foi minha segunda banda do coração. E isso gerou a primeira das perguntas que fiz durante a coletiva:

"Ao saber que o Kreator está para lançar disco novo, não consigo conter a ansiedade sobre o que virá. Felizmente, desde 2005 vejo uma subida constante de qualidade, algo que é bem raro. Cada lançamento tem sido melhor que o anterior. Como enxergam isso na banda?"

O guitarrista concordou, e disse que eles encontraram o som meio que definitivo do grupo e que isso explica minha impressão. Já o baixista afirmou que nota a evolução, mas que acha que o turning point (momento da virada) veio com o Violent Revolution (2001) e não com o Enemy of God (2005).

Fui sincero na pergunta, apesar de considerá-la pouco crítica.

Pois o disco é uma sapatada fenomenal. Se você acompanha o Kreator e gosta dessa fórmula de precisão + agressividade que estabeleceram lá nos anos 1980, vai pirar com o novo trabalho.

Já a segunda pergunta a que tinha direito foi mais para o lado sociológico, pois entendo ser ousado lançar disco com o título (traduzido para) "Ódio acima de tudo" em momento social de quase obrigação de positividade sobre qualquer manifestação artística.

Meu argumento foi que entendo que os headbangers não precisam se preocupar tanto com a correção política por terem lugar de fala desde os primórdios do gênero, ao tratarem de críticas religiosas, temas de guerra, violência e injustiças em geral.

"É como você falou: nós adquirimos maturidade para falar sobre tudo isso com propriedade. Concordo com seu jeito de pensar o tema", respondeu o guitarrista.

Ainda falamos sobre a presença do grupo na série Dark, como uma pergunta bônus track, e já que o espaço serve igualmente como resenha, dou nota 9 ao álbum. Merece mais, só que a culpa do 9 e não 10 é da própria banda, que cresceu a altura do sarrafo de qualidade lá em 1986, quando soltaram o Pleasure to Kill (que merece nota 12).

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